Depois de alguns dias ou semanas sem escrever uma linha se quer neste meu blog, tudo por conta da minha revolta contra a decisão esdrúxula do Supremo Tribunal Federal que tornou o diploma de Jornalismo facultativo para o exercício da profissão, decidi escrever essas poucas linhas apenas para relatar um episodio ocorrido ontem em frente ao Shopping Jardins. Personagens deste episódio: eu, a jornalista Tamires Franci, e uma pessoa que certamente os jornalistas sergipanos que se respeitam já não o admiram mais como antes: Carlos Britto. Exatamente ele o relator do fim da Lei de Imprensa e por último, defensor também da desobrigatoriedade do diploma de Jornalismo.
Pois bem, eu e Tamires decidimos ir ao Shopping Jardins, na noite de ontem, pagar umas pequenas dívidas, até por que só jornalista sem juízo é quem faz altas dívidas, ainda mais agora com a fragilidade de nossa profissão. Mas, para minha surpresa, ao entrarmos no shopping nos deparamos com o senhor Carlos Britto, aquele que no passado foi um autêntico defensor dos trabalhadores juntamente com o seu sobrinho Cezar Britto, que mesmo assumindo o comando nacional da OAB, não mudou de ideologia, muito pelo contrário, continua sendo um autêntico defensor da classe operária, diferente do senhor Carlos Britto que massacrou a classe dos jornalistas ao defender o "fim do diploma".
Diante dos últimos acontecimentos, fatos, decisões que só prejudicaram a sociedade brasileira, em particular os jornalistas, não poderíamos, na condição de jornalistas independentes, deixar de “abordar” o senhor ministro e fazermos algumas perguntas, questionamentos a cerca de sua absurda decisão.
No momento em que ele ligava, provavelmente para um táxi, nós decidimos ir ao seu encontro e “debater” o assunto com quem se diz entendedor da matéria, mesmo provando no discurso que de Jornalismo não entende nada.
Após um rápido cumprimento, iniciamos a discussão com o ministro Carlos Britto. Primeiro informamos a ele que estávamos decepcionados com sua decisão, que ele e os demais ministros desqualificaram a nossa profissão e nos nivelaram por baixo, inclusive o seu presidente Gilmar Mendes nos comparando, com todo o respeito, a cozinheiros. Com sorriso sem graça, certamente por conta da desgraça que causou contra uma categoria de 80 mil profissionais da imprensa, tentou se explicar ao dizer que em nenhum momento nos nivelou por baixo, mas que a sua medida foi acertada e que o futuro mostrará. “Paulo Sousa, Tamires, vocês vão ver que a nossa decisão foi acertada, essa decisão vai fortalecer mais ainda os jornalistas, imagine vocês formados, graduados em Jornalismo. O mercado vai absolver vocês ou aquele que não tem nenhuma qualificação específica? Claro que vai escolher os mais preparados e os mais preparados são vocês, tenham certeza disso. Em relação à comparação, eu diria que Gilmar foi infeliz naquele momento, mas ele não tinha a intenção de ofender a nenhum jornalista”. Questionei então qual foi o seu embasamento para a absurda decisão? Respondeu Carlos Britto afirmando que se espelhou na liberdade de expressão e nos países em que o diploma não é obrigatório. “A nossa Constituição é clara ao dizer que a liberdade de pensamento, de expressão, é livre, então não justifica se exigir diploma porque aí você vai está impedindo outras pessoas de exercitarei a livre liberdade de expressão, entendeu”? Eu então perguntei a ele desde quando o diploma foi um obstáculo para a liberdade de expressão? Tamires então acrescentou, dizendo que nós jornalistas diplomados é quem abrimos espaço, colocamos este direito constitucional na prática ao ouvirmos cidadãos de todas as classes e religiões, sem nenhum preconceito, nós é que garantimos esta expansão da liberdade de expressão. Se alguém bloqueia este espaço, certamente não é o jornalista, são os donos dos veículos de comunicação que ditam as normas e tentam manipular a informação.
Ouvindo atentamente, o ministro sergipano então tentou rebater: “a questão é que vocês precisam entender que a profissão de jornalista é diferente de uma profissão de advogado, médico, engenheiro, essas exigem a técnica realmente, já o jornalismo é talento, como é que vou proibir um talentoso escritor de escrever pra um jornal, por exemplo”? Diante de sua colocação sem nenhum embasamento, interferi em sua explicação e perguntei se Jornalismo é só questão de talento, e se a profissão não exige técnicas e ética, em que a faculdade é o lugar certo para este aprendizado? E fui mais além: o senhor é formado em Direito, e para se tornar advogado é preciso que a pessoa também tenha talento pra esta área, assim como deve ter talento pra qualquer área, mas o talento, ministro, não deve ser o principal instrumento, ele deve vir em conjunto com outros dois fatores principais, que é a técnica e a ética. Até por que se for por questão de talento, eu posso muito bem exigir um diploma de advogado, concorda? Pois talento pra esta área eu tenho. Carlos Britto todo sem jeito disse: “é..., mas a gente tá tratando de algo que vai mais além de tudo isso que é a liberdade de expressão. Quando eu julguei a Lei de Imprensa e decidi derruba-la por completo, é por que era uma lei que já não servia mais, do tempo da ditadura...., e agora como é que eu ia dizer que sou a favor do diploma se há semanas atrás eu tinha dito que a Lei de Imprensa era inconstitucional e defendi que nada poderia impedir a liberdade de expressão, que ela deve ser plena. Ou a liberdade é plena ou não há liberdade de expressão. Se eu fosse a favor do diploma, eu estaria entrando em contradição”. Então interferi novamente: tudo bem que a Lei de Imprensa em alguns pontos tinha seu exagero, mas não era preciso o senhor cassar ela por completo, aliás, o senhor deixou a sociedade refém de péssimos jornalistas, afinal, ministro, quem vai dizer agora quem deve exercer a profissão é o empresário que é capitalista, que massacra a classe operária, e que certamente vai dizer, ditar o valor de cada um. É lamentável sua decisão, logo o senhor que eu tanto vibrei quando Lula o indicou como ministro do STF. Confesso que hoje olho pro senhor e só enxergo decepção. Ele então disse: “vocês vão ver que esta nossa decisão foi acertada, vocês jornalistas diplomados vão sair sempre na frente. Pra vocês terem uma idéia, quando nós decidimos por isso, nós estudamos muito o assunto, pesquisamos...., por exemplo, há vários países em que o diploma não é obrigatório, mas os jornalistas diplomados são os mais procurados, por isso que digo que vocês não saíram perdendo, o tempo vai dizer e confirmar o que estou falando. Agora o que não pode é a pessoa não poder ir pra redação por não ter um diploma de jornalista”. Indaguei então o ministro se quando ele morava em Aracaju e exercia a advocacia foi em algum momento proibido de escrever ou falar em veículos de comunicação? Respondeu: “não, realmente nunca fui proibido”. Pois é, ministro, essa é a prova mais concreta que o diploma não cassa o direito de ninguém, pelo contrário, amplia este direito. Por exemplo, o seu sobrinho Cezar Britto sempre escreveu pra jornais sergipanos, exerceu e exerce o direito a livre liberdade de expressão, tanto é que defende o diploma e não ver nenhuma inconstitucionalidade. Nós não proibimos ninguém de ir à faculdade, pelo contrário, incentivamos. Se alguém quer ser jornalista, quer viver da profissão, que vá pra faculdade estudar, assim como qualquer um que quer ser médico, advogado, psicólogo, seja lá qual for a profissão. Vai pra faculdade pra ter esse direito legítimo. Então onde é que está essa inconstitucionalidade? Não existe, só existe na visão do capitalismo e dos barões da mídia, e agora na visão dos senhores. Que, aliás, me desculpe, com todo o respeito que tenho aos senhores, mas essa decisão sem embasamento legal, lógico e concreto, foi muito estranha, mas estranha mesmo. Diante dessa minha colocação, Carlos Britto então se antecipou: “Veja só, eu garanto a você que ninguém se vendeu pra dá essa decisão, nós ministros do Supremo somos independentes, nosso cargo é vitalício. Tenha certeza, ninguém lá decidiu pra agradar ninguém, se decidiu pela liberdade de expressão. Disso vocês tenham certeza”. Em nenhum momento este jornalista disse que os ministros poderiam ter se vendido, até por que seria uma irresponsabilidade. Mas que bom que o ministro já se antecipou, explicando uma decisão em que pairam dúvidas na cabeça de muita gente.
Como percebei que o ministro não tinha nenhuma explicação coerente, concisa, concreta, decidi então mudar o tom da conversa e saber dele se esta decisão valeria apenas para as empresas privadas ou se o setor público também seria vítima desta, até certo ponto e com todo o respeito, irresponsável medida do STF. Para a minha felicidade ele nos traz uma notícia até então desconhecida por todos os jornalistas. Disse ser favorável a obrigatoriedade do diploma para o setor público. “A nossa decisão foi tomada e vale pra todas as empresas de comunicação, agora é claro que o setor público tem que ser visto de outra maneira. Como é que a prefeitura de Aracaju, por exemplo, como você mencionou, vai contratar ou fazer um concurso público para jornalista e qualquer um pode participar? Neste caso, prevalece o nível superior, e neste caso quem tem o nível superior em Jornalismo são vocês”. Então ministro, no setor público o diploma continua sendo obrigatório? “Sim, pelo menos este é o meu entendimento, não sei o que pensam os outros ministros, mas acho que é isso que deve prevalecer, até mesmo por que o Supremo realiza agora um concurso público pra jornalista e o edital exige que os participantes sejam jornalistas formados, com o diploma de bacharel na área”. Cobrei do ministro posicionamento: aproveito então pra pedir ao senhor, até como forma de amenizar o estrago que vocês nos causaram, que converse com os demais ministros e defenda exatamente isso, que pelo menos no setor público o diploma continue obrigatório. Respondeu Britto: “sim, vou fazer isso, como eu disse, no serviço público é diferente, há um edital e ele tem que ser respeitado. Jornalismo é uma profissão de nível superior, e se o setor público vai precisar contratar um jornalista, esse sim, tem que ser formado realmente em Jornalismo, é diferente do setor privado que fica a seu critério agora”.
Também não perdi a oportunidade de questionar Calos Britto sobre a PEC dos Jornalistas, em discussão no Senado e na Câmara. Perguntei se ele é contra, se esta PEC pode vir a ser considerada inconstitucional. O ministro respondeu de forma ponderada: “eu confesso que ainda não conheço o conteúdo desta proposta constitucional, dizer se sou contra ou a favor, não posso se não já estaria emitindo opinião de valor antecipadamente, mas é uma questão de se discutir e avaliar se ela atende realmente a constituição, se ela não proíbe a pessoa de ter acesso ao veículo pra escrever, por exemplo. É preciso que ela seja bem feita e respaldada na liberdade de expressão”.
Por fim, agradecemos ao ministro, pedindo desculpas por qualquer exagero, que estávamos tão somente exercendo a liberdade de expressão, mas que continuávamos discordando de suas interpretações e decepcionados com ele e com os demais ministros. Ele abril um segundo sorriso sem graça, e se foi. Que ele tenha uma boa viagem e uma boa reflexão.
Paulo Sousa – bacharel em Jornalismo, assessor especial de Comunicação da Prefeitura de São Cristóvão, e diretor Executivo da Rádio Comércio (www.radiocomercio.org).
Pois bem, eu e Tamires decidimos ir ao Shopping Jardins, na noite de ontem, pagar umas pequenas dívidas, até por que só jornalista sem juízo é quem faz altas dívidas, ainda mais agora com a fragilidade de nossa profissão. Mas, para minha surpresa, ao entrarmos no shopping nos deparamos com o senhor Carlos Britto, aquele que no passado foi um autêntico defensor dos trabalhadores juntamente com o seu sobrinho Cezar Britto, que mesmo assumindo o comando nacional da OAB, não mudou de ideologia, muito pelo contrário, continua sendo um autêntico defensor da classe operária, diferente do senhor Carlos Britto que massacrou a classe dos jornalistas ao defender o "fim do diploma".
Diante dos últimos acontecimentos, fatos, decisões que só prejudicaram a sociedade brasileira, em particular os jornalistas, não poderíamos, na condição de jornalistas independentes, deixar de “abordar” o senhor ministro e fazermos algumas perguntas, questionamentos a cerca de sua absurda decisão.
No momento em que ele ligava, provavelmente para um táxi, nós decidimos ir ao seu encontro e “debater” o assunto com quem se diz entendedor da matéria, mesmo provando no discurso que de Jornalismo não entende nada.
Após um rápido cumprimento, iniciamos a discussão com o ministro Carlos Britto. Primeiro informamos a ele que estávamos decepcionados com sua decisão, que ele e os demais ministros desqualificaram a nossa profissão e nos nivelaram por baixo, inclusive o seu presidente Gilmar Mendes nos comparando, com todo o respeito, a cozinheiros. Com sorriso sem graça, certamente por conta da desgraça que causou contra uma categoria de 80 mil profissionais da imprensa, tentou se explicar ao dizer que em nenhum momento nos nivelou por baixo, mas que a sua medida foi acertada e que o futuro mostrará. “Paulo Sousa, Tamires, vocês vão ver que a nossa decisão foi acertada, essa decisão vai fortalecer mais ainda os jornalistas, imagine vocês formados, graduados em Jornalismo. O mercado vai absolver vocês ou aquele que não tem nenhuma qualificação específica? Claro que vai escolher os mais preparados e os mais preparados são vocês, tenham certeza disso. Em relação à comparação, eu diria que Gilmar foi infeliz naquele momento, mas ele não tinha a intenção de ofender a nenhum jornalista”. Questionei então qual foi o seu embasamento para a absurda decisão? Respondeu Carlos Britto afirmando que se espelhou na liberdade de expressão e nos países em que o diploma não é obrigatório. “A nossa Constituição é clara ao dizer que a liberdade de pensamento, de expressão, é livre, então não justifica se exigir diploma porque aí você vai está impedindo outras pessoas de exercitarei a livre liberdade de expressão, entendeu”? Eu então perguntei a ele desde quando o diploma foi um obstáculo para a liberdade de expressão? Tamires então acrescentou, dizendo que nós jornalistas diplomados é quem abrimos espaço, colocamos este direito constitucional na prática ao ouvirmos cidadãos de todas as classes e religiões, sem nenhum preconceito, nós é que garantimos esta expansão da liberdade de expressão. Se alguém bloqueia este espaço, certamente não é o jornalista, são os donos dos veículos de comunicação que ditam as normas e tentam manipular a informação.
Ouvindo atentamente, o ministro sergipano então tentou rebater: “a questão é que vocês precisam entender que a profissão de jornalista é diferente de uma profissão de advogado, médico, engenheiro, essas exigem a técnica realmente, já o jornalismo é talento, como é que vou proibir um talentoso escritor de escrever pra um jornal, por exemplo”? Diante de sua colocação sem nenhum embasamento, interferi em sua explicação e perguntei se Jornalismo é só questão de talento, e se a profissão não exige técnicas e ética, em que a faculdade é o lugar certo para este aprendizado? E fui mais além: o senhor é formado em Direito, e para se tornar advogado é preciso que a pessoa também tenha talento pra esta área, assim como deve ter talento pra qualquer área, mas o talento, ministro, não deve ser o principal instrumento, ele deve vir em conjunto com outros dois fatores principais, que é a técnica e a ética. Até por que se for por questão de talento, eu posso muito bem exigir um diploma de advogado, concorda? Pois talento pra esta área eu tenho. Carlos Britto todo sem jeito disse: “é..., mas a gente tá tratando de algo que vai mais além de tudo isso que é a liberdade de expressão. Quando eu julguei a Lei de Imprensa e decidi derruba-la por completo, é por que era uma lei que já não servia mais, do tempo da ditadura...., e agora como é que eu ia dizer que sou a favor do diploma se há semanas atrás eu tinha dito que a Lei de Imprensa era inconstitucional e defendi que nada poderia impedir a liberdade de expressão, que ela deve ser plena. Ou a liberdade é plena ou não há liberdade de expressão. Se eu fosse a favor do diploma, eu estaria entrando em contradição”. Então interferi novamente: tudo bem que a Lei de Imprensa em alguns pontos tinha seu exagero, mas não era preciso o senhor cassar ela por completo, aliás, o senhor deixou a sociedade refém de péssimos jornalistas, afinal, ministro, quem vai dizer agora quem deve exercer a profissão é o empresário que é capitalista, que massacra a classe operária, e que certamente vai dizer, ditar o valor de cada um. É lamentável sua decisão, logo o senhor que eu tanto vibrei quando Lula o indicou como ministro do STF. Confesso que hoje olho pro senhor e só enxergo decepção. Ele então disse: “vocês vão ver que esta nossa decisão foi acertada, vocês jornalistas diplomados vão sair sempre na frente. Pra vocês terem uma idéia, quando nós decidimos por isso, nós estudamos muito o assunto, pesquisamos...., por exemplo, há vários países em que o diploma não é obrigatório, mas os jornalistas diplomados são os mais procurados, por isso que digo que vocês não saíram perdendo, o tempo vai dizer e confirmar o que estou falando. Agora o que não pode é a pessoa não poder ir pra redação por não ter um diploma de jornalista”. Indaguei então o ministro se quando ele morava em Aracaju e exercia a advocacia foi em algum momento proibido de escrever ou falar em veículos de comunicação? Respondeu: “não, realmente nunca fui proibido”. Pois é, ministro, essa é a prova mais concreta que o diploma não cassa o direito de ninguém, pelo contrário, amplia este direito. Por exemplo, o seu sobrinho Cezar Britto sempre escreveu pra jornais sergipanos, exerceu e exerce o direito a livre liberdade de expressão, tanto é que defende o diploma e não ver nenhuma inconstitucionalidade. Nós não proibimos ninguém de ir à faculdade, pelo contrário, incentivamos. Se alguém quer ser jornalista, quer viver da profissão, que vá pra faculdade estudar, assim como qualquer um que quer ser médico, advogado, psicólogo, seja lá qual for a profissão. Vai pra faculdade pra ter esse direito legítimo. Então onde é que está essa inconstitucionalidade? Não existe, só existe na visão do capitalismo e dos barões da mídia, e agora na visão dos senhores. Que, aliás, me desculpe, com todo o respeito que tenho aos senhores, mas essa decisão sem embasamento legal, lógico e concreto, foi muito estranha, mas estranha mesmo. Diante dessa minha colocação, Carlos Britto então se antecipou: “Veja só, eu garanto a você que ninguém se vendeu pra dá essa decisão, nós ministros do Supremo somos independentes, nosso cargo é vitalício. Tenha certeza, ninguém lá decidiu pra agradar ninguém, se decidiu pela liberdade de expressão. Disso vocês tenham certeza”. Em nenhum momento este jornalista disse que os ministros poderiam ter se vendido, até por que seria uma irresponsabilidade. Mas que bom que o ministro já se antecipou, explicando uma decisão em que pairam dúvidas na cabeça de muita gente.
Como percebei que o ministro não tinha nenhuma explicação coerente, concisa, concreta, decidi então mudar o tom da conversa e saber dele se esta decisão valeria apenas para as empresas privadas ou se o setor público também seria vítima desta, até certo ponto e com todo o respeito, irresponsável medida do STF. Para a minha felicidade ele nos traz uma notícia até então desconhecida por todos os jornalistas. Disse ser favorável a obrigatoriedade do diploma para o setor público. “A nossa decisão foi tomada e vale pra todas as empresas de comunicação, agora é claro que o setor público tem que ser visto de outra maneira. Como é que a prefeitura de Aracaju, por exemplo, como você mencionou, vai contratar ou fazer um concurso público para jornalista e qualquer um pode participar? Neste caso, prevalece o nível superior, e neste caso quem tem o nível superior em Jornalismo são vocês”. Então ministro, no setor público o diploma continua sendo obrigatório? “Sim, pelo menos este é o meu entendimento, não sei o que pensam os outros ministros, mas acho que é isso que deve prevalecer, até mesmo por que o Supremo realiza agora um concurso público pra jornalista e o edital exige que os participantes sejam jornalistas formados, com o diploma de bacharel na área”. Cobrei do ministro posicionamento: aproveito então pra pedir ao senhor, até como forma de amenizar o estrago que vocês nos causaram, que converse com os demais ministros e defenda exatamente isso, que pelo menos no setor público o diploma continue obrigatório. Respondeu Britto: “sim, vou fazer isso, como eu disse, no serviço público é diferente, há um edital e ele tem que ser respeitado. Jornalismo é uma profissão de nível superior, e se o setor público vai precisar contratar um jornalista, esse sim, tem que ser formado realmente em Jornalismo, é diferente do setor privado que fica a seu critério agora”.
Também não perdi a oportunidade de questionar Calos Britto sobre a PEC dos Jornalistas, em discussão no Senado e na Câmara. Perguntei se ele é contra, se esta PEC pode vir a ser considerada inconstitucional. O ministro respondeu de forma ponderada: “eu confesso que ainda não conheço o conteúdo desta proposta constitucional, dizer se sou contra ou a favor, não posso se não já estaria emitindo opinião de valor antecipadamente, mas é uma questão de se discutir e avaliar se ela atende realmente a constituição, se ela não proíbe a pessoa de ter acesso ao veículo pra escrever, por exemplo. É preciso que ela seja bem feita e respaldada na liberdade de expressão”.
Por fim, agradecemos ao ministro, pedindo desculpas por qualquer exagero, que estávamos tão somente exercendo a liberdade de expressão, mas que continuávamos discordando de suas interpretações e decepcionados com ele e com os demais ministros. Ele abril um segundo sorriso sem graça, e se foi. Que ele tenha uma boa viagem e uma boa reflexão.
Paulo Sousa – bacharel em Jornalismo, assessor especial de Comunicação da Prefeitura de São Cristóvão, e diretor Executivo da Rádio Comércio (www.radiocomercio.org).
24 comentários:
Interessante o debate. Mais interessante ainda foi observar o despreparo do ministro para uma conversa simples à porta de um shopping. Uma pena. Pena maior ainda é perceber que o seu voto foi dado para não cair em contradição... Nossas vidas como profissionais diplomados foram "ceifadas" para que o ministro não caísse em contradição...
OI Paulo. Li o seu texto-desabafo e me senti contemplada com as suas colacações. fiquei feliz que você e Tamires tenham encontrado o ministro e falado sobre essa absurda decisão. Ainda bem que não fui em quem o encontrei! (risos). beijo grande e boa sorte, sempre.
beleza, paulo, ótimo debate/texto/artigo. Fiquei feliz com suas argumentações, seria bom que os dmai colegas se compotassem como vc, ao verseu britto não paparicá-lo, como muitos fazem, mas exercer seu profissionalismo. Vc e sua noiva estão de parabéns. Fiquei muito feliz e contemplado com o posicionamento de vcs.
òtimo texto, parabéns, Carlos Brito merece isso e muito mais. E valeu pelo furo de reportagem.
Que bom que vocês abordaram Carlos Britto e colocaram ele na parede, adorei o que vcs fizeram. Beijos.
Ana Sueli Costa, estudante
Valeu Paulo e Tamires!! Sugiro aos demais colegas que, conversa com alguém do STF só nesse nível. Também sugiro boicotar qualquer tipo de entrevista com integrantes do "STF", principalmente com os senhores Carlos Brito ou Gilmar Mendes. Flávio Lima
Boa discussão esta de Paulo e Tamires, excelente abordagem, Carlos Brito precisa disso e muito mais. Parabéns.
Júnior Henrique
Concordo com tudo que falaram, parabéns.
Paulo Bezerra
Parabéns pela abordagem ao ministro. Neste dia você e sua noiva foram porta-vozes de todos nós profisisonais indignados e decepcionados com o voto desse senhor. Me lembro que num encontro do sindijor sobre ética no jornalismo, você questionou Cézar Britto sobre a opinião dele a respeito do diploma. ele disse que era favorável e já naquela época você alertou a todos para a opinião do tio dele, que era contra. Está ai o resultado. Parabéns mais uma vez Paulo
Na minha opnião o Excelentissimo ministro, não esta sendo coerente, porque, imaginine só, vivemos num mundo, globalizado, em constante transformação, onde devemos buscar cada vez mais o conhecimento, se aperfeiçoando, aumentando o grau de qualificação, para sermos otimos profissionais no mercado de trabalho, ele abre uma excessão, abrindo mão do diploma, para exercer a profissão de jornalismo, justificando que deve ser colocado em pratica o dom, não é justo com aqueles que se esforçaram tanto, que fizeram uma faculdade,na verdade, falta justiça.
Adriano Alves - administrador e compositor
Vocês dois foram brilhantes jornalistas, corajosos, pois peitaram um ministro do Supremo, nem todos teriam a coragem que vocês tiveram. Sinto-me contemplado pela feliz abordagem de vocês.
Cláudia Meireles de Almeida, jornalista e estudante
Que massa, Paulo Sousa, fiquei muito feliz po ter encontrado o ministro e ter dito essas e boas pra ele, talvés ele achou que vocês iam dar um tampinha no ombro e baixar a cabeça, mostraram que jornalista tem que ter independência, raça, coragem, e acima de qualquer coisa, barrista no sentido de defenda sua pátria, neste caso a nossa profissão. Parabéns a você e sua noiva, vocês foram felizes e super-corajosos. Tenham certeza, viu, que os jornalistas estão felizes com o que vocês fizeram.
Governo Lula Governa a favor de : Argentina, Paraguai , Bolívia,Equador Venezuela e Cuba ou seja.
Governo Lula Governa para nossos visinhos e não para o bem do Brasil.
Como brasileiro, sinto-me violentado e traído por este acordo que Lula faz com o Paraguai. Mais uma vez o presidente Lula viola os direitos brasileiros quando abre mão dos mesmos adquiridos pelo Brasil para favorecer os visinhos.
Foi assim no caso Bolívia , onde Evo Morales tomou a Petrobrás na força e no grito ,e Lula se acovardou ficando como rabo entre as pernas diante das ameaças de nosso visinho e o pior é que Lula ainda afirmou que foi justo.
Foi assim também quando Lula rasgou o contrato que era de direito adquirido entre Brasil e Bolívia referente a importação do Gás para assinar um outro favorecendo totalmente a Bolívia
Que presidente é Esse!?
Que viola direitos adquiridos de forma justa pelo Brasil para favorece visinhos que o ameaçam.
Que Presidente é Esse, que se acovarda diante das ameaças deste visinhos que só querem tirar vantagens do Brasil?
Será que nós brasileiros temos que ser tão punidos assim por este governo que faz o que quer quando bem entende com esta nação e ninguém faz nada?
Ninguém faz nada!?
O que falta para o governo Lula tirar do Brasil para favorecer os visinhos que se aproveitam de sua covardia para tirar + vantagens do governo Lula.
Alguém precisa fazer algo!!!!!
Será que já não é suficiente as constantes denúncias de roubo e corrupção deste governo e ainda somos obrigados a assistir de braços cruzados ele violar os direitos do Brasil em pró dos visinhos que no fundo só querem mesmo é tirar vantagem do Brasil .
Não podemos continuar parados vendo Lula e o PT fazerem o que querem e bem entediam com O Brasil.
Precisamos discutir este assunto com as forças armadas, e com a imprensa.
Na verdade Lula faz o que quer e como bem entende porque na Pratica NÃO EXISTE OPOSIÇÃO POLITICA CONTRA ELE.
KD A OPOSIÇÃO!?
DESCULPEM + VOCÊS DO PPS, PSDB E DEM SÃO UNS BANANAS porque deixam Lula e PT fazerem o que querem com o Brasil!!!!!
Recadinho para UNE .
Sou universitário, e Jovem como a maioria de vocês integrantes da UNE .
Até ai muito temos em comum, mas nada em comum temos na conotação política e social .
Sempre fui Fã incondicional da UNE, e por muitas vezes a citava como grande exemplo de união e imparcialidade na busca do melhor de seus ideais e dos ideais para o Brasil.
Infelizmente, hoje estamos vendo uma UNE comprometida com o governo Lula , onde o Governo Lula de forma sábia financia( Compra) a UNE para fazer com que esta instituição estudantil não se manifeste contra este governo Corrupto .
Lamentável!!!!
Que hoje estejamos vendo uma instituição que muito nos orgulhou sendo amordaçada por este governo.
Fiquei também muito surpreso por saber que foi fácil e barato imobilizar qualquer movimento da UNE contra o Governo Lula.
Hoje não usamos + a UNE como exemplo algum, porque esta instituição estar falida moralmente e sua voz não tem + força, presença e contundência para falar sobre moralidade na Política nacional.
UNE é hoje uma instituição comprometida e parcial em suas opiniões a favor deste governo corrupto porque suas palavras tem limites e amordaça.
Nós estamos em buscar de uma nova UNE, ou Melhor não terá o nome UNE claro que não porque UNE só existe uma , até porque UNE não é +exemplo de imparcialidade , seriedade e lula pela verdade , teremos uma união de jovens e estudantes que já + irá se comprometer com governo algum ,político algum .
Nossa União fará o que a UNE fazia a 6 anos atrás, aquela UNE era nosso orgulho porque criticava qualquer governo sem medo de ser feliz.
Seremos assim,iremos criticar quando for para criticar, iremos elogiar quando for para elogiar, e iremos para ruas com as caras pintadas quando for para ir as ruas.
Mas tudo será sem compromisso algum com governo nenhum , não seremos vendáveis .
Caros amigos da UNE,tenho que admitir, o Governo Lula foi inteligente porque soube de forma barata AMORDAÇAR vocês com muita facilidade.
Quero ressaltar que não sou partidário a ninguém e muito menos a político algum.
Não como, não bebo, e não durmo as custas de político e muito menos de governo nenhum.
Tenho orgulho de dizer que não devo favores a político, partido e governo nenhum!!!
Minha única obrigação é ser uma cidadão cumpridores de meus deveres com a lei e a sociedade , trabalhar para um país melhor e para o meu e bem estar de minha família.
Este é o meu compromisso e desejar um Brasil +justo para todos .
Cordialmente,
Nikacio lemos
23 anos Universitário
Paulo e Tamires, parabéns pelo arrojo , sabedoria, coerência na abordagem ao Ministro Carlos Britto. Vocês conseguiram levar adiante a voz de indignação, de protesto por tamanha barbaridade cometida pelo STF.Que desrespeito com o nosso trabalho, com a nossa função, com o nosso direito de exercer com competência nossas profissões. Até hoje não encontro respaldo que justifique a decisão desses maiorais. Não creio na permanência dessa decisão. Algo irá ser interpretado de uma outra maneira. Que não calemos frente à covardia e à humilhação que estamos vivenciando. Mais uma vez,parabéns para vocês.
O ministro Brito foi perguntado se - assim como outros ministros no STF - integra o quadro de especialistas do IDB - Instituto Brasiliense de de Direito Público, cujo dono é o presidente do STF, Gilmar Mendes?
Olá, Paulo!
Muito bacana o seu texto!
Parabéns pela forma educada e independente de abordar o ministro.
Não sei se eu teria esta educação na abordagem uma pessoa que não sabe a diferença entre liberdade de expressão e liberdade de imprensa e que destruiu nossa profissão desta forma. "Com todo respeito", acho o ministro Carlos Brito um estúpido que, "com todo respeito", falou qualquer coisa para votar sem saber no que votando.
Ele até chegou a dizer que Jornalismo é literatura... Pode uma coisa destas?
Com todo respeito, ele é um estúpido. Advogado estúpido. Vou reivindicar um diploma de advogada também. É só ler algumas leis, pois talento para retórica também possuo. Garanto que serei mais competente e agirei com mais conhecimento de causa que muitos advogados diplomados.
Fernanda Pessoa.
Olá, Paulo!
Muito bacana o seu texto!
Parabéns pela forma educada e independente de abordar o ministro.
Não sei se eu teria esta educação na abordagem uma pessoa que não sabe a diferença entre liberdade de expressão e liberdade de imprensa e que destruiu nossa profissão desta forma. "Com todo respeito", acho o ministro Carlos Brito um estúpido que, "com todo respeito", falou qualquer coisa para votar sem saber no que votando.
Ele até chegou a dizer que Jornalismo é literatura... Pode uma coisa destas?
Com todo respeito, ele é um estúpido. Advogado estúpido. Vou reivindicar um diploma de advogada também. É só ler algumas leis, pois talento para retórica também possuo. Garanto que serei mais competente e agirei com mais conhecimento de causa que muitos advogados diplomados.
Fernanda Pessoa.
Valeu Paulo e Tamires, realmente essa entrevista express com o Cezar Brito é esclarecedora. Realmente, pelas respostas que ele deu , mostra o compromisso com os patrões e barões da mídia. Agora dizer que é favoravél a obrigatoriedade do diploma para o setor público é bom e ao mesmo tempo ruim. Afinal, eles mostram com isso, que suas atitudes foram para agradar os grandes conglomerados de comunicação, que na maioria das vezes não é um jornal que de bairro ou cidade pequena, mas empresas com radios, tvs,revistas, ou seja, aquelas que não querem pagar salários, exploram
assim como vocês, tinha uma grande admiração pelo Brito, mas confundir liberdade de expressão com liberdade de Imprensa é o fim.
Valeu Paulo e Tamires, realmente essa entrevista express com o Cezar Brito é esclarecedora. Realmente, pelas respostas que ele deu , mostra o compromisso com os patrões e barões da mídia. Agora dizer que é favoravél a obrigatoriedade do diploma para o setor público é bom e ao mesmo tempo ruim. Afinal, eles mostram com isso, que suas atitudes foram para agradar os grandes conglomerados de comunicação, que na maioria das vezes não é um jornal que de bairro ou cidade pequena, mas empresas com radios, tvs,revistas, ou seja, aquelas que não querem pagar salários, exploram
assim como vocês, tinha uma grande admiração pelo Brito, mas confundir liberdade de expressão com liberdade de Imprensa é o fim.
Paulo, o debate entre vocês foi fantástico.
Vou torcer para que você encontre o Gilmar Mendes também no shopping (risos).
Abraços!
Adorei seu texto, sua introdução foi um arraso, disse tudo. Só jornalista sem juízo é quem faz compras, dívidas, ainda mais agora com a precarização de nossa profissão. Vocês dois jornalistas de Sergipe estão de parabéns, nos sentimos muito bem contemplados com este belo texto escrito de forma tão simples, detalhoso e corajoso. Olha, vocês vão sempre lembrados pelos jornalistas do Brasil como aquele casal que um dia colocou Carlos Britto na parede, em situação difícil. Tomara que vocês um dia encontrem também o Gilmar Mendes e façam o mesmo.
Vinicius de Almeida, jornalista - Rio de Janeiro.
Brito, Parabéns, parabéns mesmo! Pois eu teria dado uma porrada bem dada na cara dele depois uma banda. Com certeza!
Acho até que somos passivos demais com essa questão tão deplorável submetida aos jornalistas de bem.
Inconcebível a atitude do Supremo Tribunal Federal.Se o mínimo que se exige é uma formação acadêmica para tentar "aprimorar" conhecimento e conduta do profissional que se forma, como se explica uma atitude dessa? O preço é alto na vida do jornalista diplomado, sério, comprometido.Nada apaga o desgaste moral que o caso exige.Foi uma mancha impressa no inventário pessoal de cada um de nós, jornalista.
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